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domingo, 13 de julho de 2014

[A MÃO DO ESCRITOR] Um conto e uma poesia #01

Fiquem espertos! Todo domingo, um conto e uma poesia serão selecionados para ser publicados aqui no blog. Os textos devem ser de autoria de quem enviar e devem ser originais!
Todos os textos serão publicados na página inicial e, imediatamente, serão postados na aba Espaço do Leitor, logo abaixo do cabeçalho!
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CONTO

conto escrito por Débora da Silva Consiglio, 33 anos, professora de inglês, Jacareí

DA SAUDADE E DA PERDA

Ah, as sextas após as aulas... Alessandra não sentia mais as pernas, os braços, o corpo, tamanho era o cansaço ( primeira semana no trabalho novo como estagiária em uma empresa de automação ultramoderna e igualmente exigente) mas Antônio a convenceu:
- Vamos, só uma cerveja. A gente nem vai se ver amanhã. Vou sair com a Amanda, lembra?
- Uma só; depois vou embora, e você também.
Ele não tinha assistido nenhuma aula durante a semana por causa do trabalho: reuniões fora da cidade, contratos atrasados, mas não mais que os relatórios das piores matérias que Alessandra se dispunha a  terminar por ele.
Uma cerveja prometida, carona dada. Ao deixá-lo na porta de casa ela deu uma de irmã mais velha:
- Antônio, segunda vê se aparece na aula, precisamos de você.
- Vocês sempre precisam.
Ele não imaginava o quanto.

*

Alessandra sentia-se perdida em pontos de interrogação que pareciam se embaralhar em seu cérebro:
- Ele sumiu como? Ninguém some assim.
Antônio era um de seus melhores amigos e companheiro de faculdade, parte do trio inseparável que formava com Maria Júlia e Mateus. Passavam aulas e fins de semana juntos, mas no anterior eles haviam tido planos diferentes e na segunda feira Antônio não havia dado notícia. Nem para contar de seu encontro com a linda Amanda no sábado, ou para seu chefe.
- Depois do escritório tentei ligar no celular e nada – Maria Júlia estava pálida, as mãos tremendo, torcendo para que sua preocupação estivesse sendo exagerada.
Mateus se agarrou à qualquer resquício de otimismo:
- Imagina, ele vai aparecer , você sabe. O fim de semana deve ter sido bom
Brigando com o mau pressentimento, Alessandra voltou-se para o exercício de Física. Sem sucesso.
Antônio não apareceu. O mais perfeito dos fins de semana não justificaria a terça sem notícias, a quarta desesperadora. Ninguém tinha o contato de seus familiares. Não foi preciso.
Na quinta feira Marcos, o sisudo coordenador do curso apareceu na sala de aula:
- Tenho uma notícia triste para dar a vocês.
Nem todo o pessimismo do mundo os teria preparado para o terrível fato de que Antônio estava morto. Havia sido um assalto segundo a polícia, malsucedido (Existem assaltos de outro tipo?).
"Os criminosos estavam presos?" "Onde o corpo foi encontrado?" . De repente as perguntas que os atormentavam passaram a ser formadas por palavras cor de sangue. E definiram todos os seus dias nos quatro anos seguintes.
Quando olhavam para sua cadeira vazia gostariam de sentir algo banal, corriqueiro. Mas naqueles anos a ausência de Antônio só se fez doer como um corte que demora a cicatrizar. As piadas, as ajudas com as benditas aulas de estatística passaram a ser sinônimo de saudade. Foram embora com ele, e não voltariam nunca mais.
Resistiam ao impulso de imaginá-lo passando pela porta, ao desânimo que deu o tom daqueles primeiros meses, do primeiro ano. Mas ainda havia algo em seus corações, em suas mentes. Algo que os modificou, dando à vida que tinham um  forma dura e irreconhecível.
Formaram-se. Ao receberem seus diplomas, a sensação de orgulho e dever cumprido só não foi maior do que o sentimento que os acompanhava desde aquela quinta feira terrível : De que sua confiança no próximo, sua segurança e seus dias felizes lhes haviam sido tirados da maneira mais brutal. Quando perderam Antônio, eles perderam a si
mesmos.

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POESIA

poesia escrita por Rodrigo Paredes, 16 anos, estudante, músico e escritor nas horas vagas, Seia/Portugal. Poesia retirada de seu blog pessoal https://insoniasblog.wordpress.com/ (visite também sua página no Facebook Insónias)

SUGA-ME A VONTADE DE VIVER

Dou-me por vencido, sonho incrédulo,
Que por dentro me faz explodir,
Nascendo uma esperança tenebrosa,
Onde a vontade de viver pode surgir.
Revitaliza-me a dor que não sinto,

A dor que possui todo o destino intenso,
Que por peripécias se dá por escondida,
Congela-me a mente: não fujo, não penso.

Suga-me esta imensa vontade de viver!
Suga-me toda a alma, suga-me a alegria,
Aquela que sempre me tentaste dar,
Mas que eu nunca te retribuía.

Ouço, confiante, o que ia acontecer,
Num último suspiro, último estremecer,
Passei a vida alegre, sem querer viver
A deixar as magoas do coração crescer.

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Gostou? Não deixe de comentar e divulgar o trabalho deles! Com certeza eles merecem reconhecimento, pois tem um grande talento com as palavras! Continuem mandando, que todo domingo seus textos aparecerão no blog!

5 comentários:

  1. Andre, seu blog tá super de parabéns e recomendado na minha página. Obrigada pela oportunidade de publicar meu conto. Abraços

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    Respostas
    1. Muito obrigado pelo elogio e pela participação! É ótimo poder ajudar em suas realizações e este blog estará sempre de portas abertas! :)

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  2. André precisa ser muito grande o conto e a poesia???

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    1. Não precisa. Em média, um conto curto tem, no mínimo, 15 linhas, e a poesia, 4 estrofes.

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