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terça-feira, 26 de agosto de 2014

*Desafio Literário* [MINHA RESENHA] Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Voltando às metas do Desafio Literário ao qual o Café Macaca se comprometeu, juntamente a outros blogs literários, o livro que será apresentado hoje será o romance distópico, Fahrenheit 451, escrito por Ray Bradbury. Fahreinheit 451 é um livro realmente fora de série e com uma forte crítica às posturas alienistas, podendo ser objeto de análise tanto para leitores sem preferências, quanto para estudiosos que buscam um concreto tema social como base para seus ensaios e pesquisas.
Logo abaixo, será feita a análise completa da obra, enfatizando seus principais pontos e traçando uma resenha sobre o enredo do livro. Espero que gostem e que deem uma oportunidade a esta distopia.


Fahrenheit 451
Bradbury, Ray
Editora Globo Livros, 2014



Fahrenheit 451 é um aclamado romance distópico de ficção científica, escrito por um dos mestres da literatura internacional do século XX, o norte-americano Ray Bradbury. A obra foi escrita durante o período da Guerra Fria e esboça uma forte crítica a alienação e a disfunção que era vivenciada pela sociedade norte-americana, com o foco na censura que foi imprimida durante anos pelas civilizações e pela proibição do desenvolvimento intelectual, o que, teoricamente, era responsável pelas revoluções e pelos questionamentos sobre o correto andamento e avanço das sociedades modernas.
Apesar de seu caráter expositivo da censura e proibição dos meios intelectuais, Bradbury fez questão de explicitar que a crítica de seu livro não trata da essência da censura, mas sim de como a televisão e os meios de comunicação podem destruir, aos poucos, o interesse pela literatura e, consequentemente, o desenvolvimento de mentes abertas e críticas.
O contexto e os temas apresentados em Fahrenheit foram alvos de referências de obras que se tornariam marcos na literatura e, posteriormente, um dos livros mais influentes da história, como 1984, de George Orwell, Admirável Mundo Novo, de Huxley e Cloud Atlas de David Mitchell, todos ligados entre si por um núcleo social intenso e pela aproximação dos conflitos entre minorias e maiorias.
Guy Montag é um bombeiro. Mas em um mundo que, cada vez mais, os meios televisivos dominam e a literatura se encontra à beira da extinção, os bombeiros deixaram de exercer sua função de apagar incêndios e livrar as residências do perigo. Como medida drástica de censura e do fim da propriedade intelectual, esses profissionais abandonaram suas funções e se tornaram instrumentos do governo, ferramentas que, ao invés de construir, devem queimar os lares e, com isso, queimar de vez todo tipo de obra literária que ainda possa existir.
O cidadão que for apanhado com quaisquer tipos de literatura deve se entregar aos bombeiros e, caso não o faça, terá o seu lar queimado, podendo até ser perseguido e ser condenado a morte, dependendo da gravidade de seus atos. Com essas atitudes, o governo instalou uma alienação ditatorial, divulgando meios televisivos conectados a uma central que exibirá apenas o que for de interesse do poder, evitando as críticas e questionamentos eventuais que possam ocorrer por parte da população.


Com isso, a sociedade acabou restringindo seu conhecimento e se adaptou a uma vida sem teses e sem ideias, se acomodou ao estilo social implantado e, assim, passou a evitar e repudiar toda demonstração de conhecimento, exilando professores, pesquisadores e cidadãos com bases intelectuais e com capacidade de disseminá-las.
Guy leva uma vida difícil e sem amor com sua esposa, Mildred, que se tornou uma "máquina" da sociedade, evitando qualquer tipo de profundidade que possa existir em sua vida a dois, até que o bombeiro conhece, em uma noite solitária, uma jovem chamada Clarisse McClellan, que em algumas conversas extrovertidas e filosóficas, consegue implantar um princípio de questionamento em Guy, fazendo com que o bombeiro busque o autoconhecimento e, assim, se torne um humano pensante, capaz de criticar sua postura e sua função exercida atualmente na sociedade.
O ápice de suas dúvidas acontece durante um chamado de trabalho, que o leva a uma residência de uma idosa, após ser denunciada por possuir uma vasta quantidade de obras. Durante a queima dos livros, Guy acaba se encantando por um trecho de uma obra que paira em sua frente e decide roubar o livro. As chamas ocupam toda a residência e a senhora decide não abandonar sua casa, atormentando o bombeiro por toda a eternidade e convertendo toda sua forma de pensamento, amaldiçoando de vez a integridade de seu trabalho e o levando a uma jornada de autodescoberta que irá mudar de vez o rumo de sua vida.


Fahrenheit 451 é conhecido por ser um romance distópico, ou seja, com um forte caráter moral em cima da sociedade e do próprio leitor, mostrando o impacto que nossas atitudes poderiam ter em um tempo futuro. O livro trata de uma hipotética consequência do conflito entre as minorias e maiorias, mostrando o avanço de uma elite e a exclusão social de que possui conhecimentos e condições de disseminá-los. Com o interesse de atingir seus objetivos, as maiorias acabaram por alienar a sociedade e extinguindo, em grande parte, o capital intelectual, evitando que as minorias pudessem ter condições de questionar e de se impôr filosoficamente diante da elite.
A obra é fantástica e extremamente profunda, mostrando visões de mundo e ideais exuberantes e a frente de quaisquer mentes que já podemos ter conhecidos. Fahrenheit passa longe de ser uma utopia e, ao lermos, podemos ver que chega a ser uma breve tendência, já que é notável o preconceito de classes sociais com a leitura e o abandono que obras clássicas e influentes sofreram durante as eras. Nos é apresentado um mundo vazio de pensamentos e de mentes criativas capazes de inovar e de desenvolver a mentalidade social, um mundo obcecado pela tecnologia, pelos avanços futurísticos e pelos meios de comunicação substitutos da literatura. A humanidade se torna preguiçosa e acomodada, evitando todo tipo de reflexão que possa gerar dúvidas ou a produção de um raciocínio lógico.
Ray Bradbury se sobressai e escreve com excelência um livro extremamente influente e propagador de ideias. Com diálogos e reflexões no melhor estilo Saint-Exupéry, com teorias brilhantes e com uma simplicidade lógica bastante cativante, a obra não deixa de ser, em nenhum momento, tediosa e é bastante cativante, nos prendendo até o seu fim. O ritmo é intenso e as coisas vão se tornando evidentemente claras durante o enredo, nos fazendo pensar e processar tudo que está ocorrendo.

Fahrenheit 451 é um livro estimulante em todos os aspectos e que realmente afeta nossa forma de pensar sobre a alienação e sobre o modo como os meios de comunicação influem em nossas vidas. Com uma linguagem crítica e forte, é um livro bastante adequado para a reflexão e indicado a todos que gostam de uma ótima leitura. Apesar de curto, seu conteúdo é estrondoso e farto, objetivo e direto, tornando-se um auxiliar para estudos e teses. Recomendo muito a leitura desta distopia filosófica, que não segue tendências da literatura atual e que é diferente de tudo que já possa ter sido lido, apenas acrescentando uma enorme carga a quem tem o hábito de leitura e a quem tem interesse em conhecer obras pouco repercutidas, mas tão magníficas quanto às mais conhecidas.
Fahrenheit foi vitorioso do Prêmio Hugo de Melhor Romance em 1954 e tem uma adaptação cinematográfica, de 1966, dirigida por François Truffaut. Veja o trailer:

9 comentários:

  1. Nossa, muito interessante mesmo...ótima resenha também (:
    Esse livro foi até proibido por uns tempos nos (nos EUA,se não me engano).
    Beatriz

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  2. Obrigado pelo elogio!
    E é um ótimo livro mesmo, bem crítico e bastante denso! Acredito que não tenha sido engando seu mesmo ;)

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  3. André, eu estava pensando em ler este livro pra essa etapa da resenha, mas não deu. Depois desse post minha vontade de lê-lo só fez aumentar. PARABÉNS!

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    1. Tenho certeza que você vai adorar! É uma obra madura, com um enorme senso social, e acredito que isso só acrescenta aos leitores! Obrigado pelo elogio! :D

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  4. André você deu um tapa na cara, sua resenha está maravilhosa, seu vocabulário imperdivel e sua carisma me cativou na resenha.A resenha ficou extensa mas seu leitor fica preso a leitura e não larga antes de chegar ao fim . Parabéns pela resenha! Esse livro parece ser muito bom, mas ele vai entrar para a lista de leituras de 2015

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    1. http://apenasumaleitura.blogspot.com.br/?m=1
      #DL14

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    2. Obrigado, Mariana!! Te indico muito esse livro e garanto que tudo nele, principalmente a mensagem, vai ficar na sua mente por muitos anos! Beijo!

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  5. Estou louca para ler, mas não sabia que tinha um filme, se soubesse teria colocado ele no desafio. Adorei sua resenha, já estava animada para ler e agora vou ter que colocar ele no meu carrinha para a próxima compra.
    Beijos!!!

    http://follow-and-breath.blogspot.com.br/ #DL14

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  6. Ainda não tive oportunidade de ver o filme, mas terminando esse mes de outubro, verei se é tão bom quanto o filme ;)
    Beijos!

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