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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

*Desafio Literário* [MINHA RESENHA] Spartacus - Howard Fast

Vamos ficando velhos e o tempo parece que vai ficando mais curto durante os dias. Semaninhas meio complicadas essas últimas, mas tudo indica que as coisas já se resolveram bem e, finalmente, depois de um bom tempo, consegui me organizar para manter o blog atualizado como de início.
Enfim, concluí mais uma etapa do Desafio Literário 2014, que os acompanhantes do Café Macaca já devem conhecer e, desta vez, o assunto a ser abordado pelo livro será uma obra que foi adaptada para série televisiva.
Diante disso, nada mais justo do que resenhar sobre a obra de Howard Fast que deu origem à minha série favorita, Spartacus, que, infelizmente, teve seu fim. O seriado é fantástico e extremamente emocionante e, como se esperava, o livro só poderia se equiparar ou, até mesmo, ser melhor. Confira logo abaixo sobre a clássica história do escravo que lutou contra a opressão romana e conheça minha opinião sobre essa lenda histórica e enraizada até os dias atuais.


Spartacus
Fast, Howard
Editora Bestbolso, 2007



Spartacus é uma epopeia escrita em 1951 pelo roteirista e escritor americano, Howard Fast. O romance histórico foi publicado no Brasil somente 8 anos depois, pela antiga editora Bestseller, traduzido por Gil de Sá. O livro teve pouquíssima repercussão, principalmente no Brasil, já que foi ofuscado por sua adaptação cinematográfica dirigida por ninguém mais, ninguém menos, que Stanley Kubrick (Laranja Mecânica), além de receber duas adaptações televisivas: uma minissérie desconhecida, em 2004, e a ACLAMADÍSSIMA série americana da Starz, lançada em 2010 e composta por três temporadas e uma minissérie contando a origem da casa Batiatus e de um dos maiores aliados de Spartacus (inclusive no livro), o gladiador Gannicus.
Spartacus tornou-se uma das lendas mais nobres e veneradas da história, incentivando (não incitando) os movimentos contra as massas opressoras e dominadoras, de um modo pacífico ou não. Deste modo, a lenda permanece viva até os dias atuais. Talvez poucos conheçam o nome do escravo Spartacus, mas suas atitudes são repetidas ainda na atualidade e são, aos poucos, disseminadas em várias regiões que sofrem contra as crueldades, os métodos coloniais e a forte hierarquia imposta contra as minorias ou contra os mais necessitados.
A obra de Howard Fast conta a história da revolução dos escravos ocorrida em meados de 73 a.C e quais foram suas consequências na estrutura social de Roma, além das consequências na mentalidade social e na sua filosofia. Através disso, nos é contada a lenda de um escravo trácio simples e humilde, franzino e não tão alto, que fora capturado ainda jovem e mandado para trabalhar nas minas juntamente aos outros capturados, sofrendo abusos e crueldades de seus chefes, com constantes açoites, trabalho praticamente interminável e numa péssima condição de vida, se é que aquilo poderia ser chamado de vida.
Após anos se submetendo à escravidão, Spartacus é apresentado a um famoso e rico lanista de Cápua, que decide comprá-lo e torná-lo, além de seu escravo, seu gladiador. Deste modo, o rapaz é levado ao ludus de Batiatus para treinar e se tornar no que seria, futuramente, um dos maiores gladiadores de todos os tempos. Spartacus acaba se tornando fonte de riqueza para Batiatus já que, sob seu domínio, lucra com as vitórias no Coliseu, arena que atrai milhares e milhares de romanos que desejam ver sangue e escravos se digladiando.
O jovem escravo, educado por Batiatus para ser o melhor, recebendo todo o conforto possível, incluindo a escrava Varinia em sua cama (por quem logo se apaixona e vive um puro e verdadeiro amor), logo se cansa de toda a tortura e abuso que sofre por conta de sua posição social e, ansiando por liberdade, decide juntar um grupo de escravos e de gladiadores para criar uma rebelião e destruir todas as pessoas que abusam deles, todos os opressores e covardes que vivem no luxo de Roma, todos os corruptos aproveitadores e, futuramente, destruir Roma, evento que ficou conhecido como a Grande Revolta dos Escravos.


O livro trata de duas épocas: antes da revolta e depois da revolta. Sem linearidade, as épocas são contadas por fragmentos e sem uma linha cronológica. Apresentando vários personagens da época que tiveram papéis fundamentais durante o evento, os pontos de vista deles são traçados e, deste modo, todo o contexto é formado excepcionalmente.
Antes da revolta, conhecemos a vida pobre e cruel do jovem Spartacus e dos escravos que, logo, se tornariam seus mais fiéis camaradas, como o gaulês Crixus, o trácio Gannicus e o judeu David (que tem uma história completamente emocionante de Fé, crença, orgulho). Nos distanciando em hierarquia, nos é apresentado o outro lado da moeda, mostrando as atitudes da nobreza e do Senado romano para conter os escravos rebeldes, com foco no senador corrupto Gracchus e no líder legionário, Licinius Crassus, que deu fim ao valente líder da rebelião. Em todos os momentos, os aspectos psicológicos e dramáticos são lançados e, deste modo, conhecemos bem melhor o que se passavam na mente de quem combatia dos dois lados.
Depois da revolta, conhecemos uma Roma apática, que ainda sofre as perdas durante a guerra e que busca reerguer sua hierarquia social, após os nobres serem tão contestados pelos mais pobres, com o efeito das palavras e atitudes de Spartacus, e o real poder romano ser posto em cheque. A história pós-guerra é interessantíssima, pois Gracchus e Crassus sofrem intensamente e a todo instante os efeitos da morte de Spartacus e, deste modo, buscam lembrar de quem ele foi e do que pretendia com tudo o que fez.
Spartacus é uma história intensa, que traz a luta por ideais de liberdade e igualdade. Cansados da opressão o do poder que os romanos exerciam sobre as classes mais pobres, um grupo de escravos, liderados pelo herói Spartacus, decidiu se juntar e fazer justiça com suas próprias mãos. De um modo nobre, leal e honesto, os escravos buscam apenas dar o troco na mesma moeda e, a partir de seus ideias, buscam libertar os que vão encontrando pelo caminho, disseminando suas ideias, a liderança de Spartacus e a praga que Roma se tornou para o mundo, através de sua ganância, ambição e corrupção.
Bem escrito e contando o ponto de vista de todos que tiveram papéis cruciais na revolta, a obra torna-se totalmente imparcial e excelentemente bem argumentada, fortificando seu cunho histórico e real, além de reforçar as ideias de bem x mal, rico x pobre, colônia x colonizado, e tornando-se, cada vez mais, próxima da contemporaneidade.

"I... AM... SPARTACUS!!!"
Spartacus, no que diz respeito à resenha e ao objetivo dela, foi adaptado para uma série televisiva produzida pela Starz, que conta a história do gladiador em 3 temporadas, além de uma minissérie que conta a história de Gannicus. TOTALMENTE diferente do livro, o seriado não deixa de ser incrível, bem-feito e emocionante (meu favorito, inclusive) e merece MUITO a atenção de todos. Lembrando que é indicado para maiores de 18 anos.
Recomendo muito o livro, mas MUITO mais a série, que é fantástica e vai prender a atenção de todos, tenho certeza!! Não deixe de assistir, sério mesmo! :)

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