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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

[DIA DE FILME] Precisamos Falar Sobre o Kevin

Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011)



Gênero: Drama
Data de lançamento: 12 de Maio de 2011 (França)
Tempo: 112 minutos
Direção: Lynne Ramsay
Escrito por: Lynne Ramsay, Rory Kinnear
Estrelado por: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller




Precisamos Falar Sobre o Kevin é um filme do gênero dramático, dirigido pela escocesa Lynne Ramsay e escrito pela mesma e por seu marido, desde 2010, Rory Kinnear. O longa foi baseado na obra homônima escrita por Lionel Shriver em 2003, vencedora do Orange Prize em 2005. Trazendo em seu curto elenco nomes como o de Tilda Swinton (As Crônicas de Nárnia), John Christopher Reilly (Guardiões da Galáxia) e Ezra Miller (As Vantagens de Ser Invisível), o filme trata de um drama psicológico e familiar vivido pela mãe da família Katchadourian, que não consegue se adaptar e nem conviver com a existência de seu filho mais velho, Kevin.
Apesar de complexo e bastante fragmentado, o filme traça um foco bastante objetivo, como se fosse desenvolvido através do ponto de vista de Eva e Kevin apenas fosse um agente passivo de todo o drama vivenciado pela sua mãe.
Precisamos Falar Sobre o Kevin foi um longa pouco reconhecido, apesar de ser bem aceito pela crítica e ter uma boa nota no IMDB. Teve um merecido prêmio entregue à Tilda Swinton, em 2011, no Prêmios do Cinema Europeu, além de obter indicação para o Globo de Ouro e para o SAG, ambos em 2012, ambos para a categoria de Melhor Atriz para Tilda,
Eva Katchadourian era uma mulher feliz. Conhecida pela cidade e pelo país, famosa e popular por conta de seu trabalho de escritora de livros turísticos, a mulher tinha tudo que sempre sonhou. Vivia um romance e, posteriormente, um amor intenso com quem seria seu futuro marido, Franklin, e acreditava que, daí por diante, sua vida seria um mar de rosas e nada poderia abalar a estrutura formada pelo casal. Até que um acontecimento iria mudar totalmente a vida dos dois.
Franklin recebe a notícia de que Eva está aguardando um filho seu, e logo já buscam se adaptar à ideia de serem pais. A criança logo altera a vida da mãe, que acorda para a realidade e deve mudar suas prioridades, já que tudo foi muito de repente e ela logo realiza que as viagens, a diversão e o amor com o marido já não será mais o mesmo. Deste modo, a gravidez acaba sendo um evento indesejado, decepcionante, e, ao que tudo indica, essa frustração e esses sentimentos de amargura foram transmitidos ao filho, Kevin, logo após o seu nascimento.



Eva encontra muitas dificuldades para controlar a criança, como se simplesmente não soubesse o que fazer. Mãe de primeira viagem, não consegue se acostumar ao menino e tenta repetidamente, mas frustradamente, divertir ou tentar fazer a criança parar de chorar. Kevin, ainda bebê, já demonstra sinais de que não se dá bem com a mãe e que, futuramente, guardará um sentimento cruel, infeliz e vingativo, por conta do verdadeiro sentimento que Eva sente por ele: o de nunca ter desejado uma criança.
A família logo se muda para uma casa maior e mais confortável, que possa acomodar melhor a todos e que comporte mais pessoas, já que agora devem dar suporte ao novo membro da família. Kevin começa a crescer, à medida que sua aversão pela sua mãe anda na mesma proporção e, por conta da sua maturidade e inteligência naturais, a situação dos dois só começa a piorar. Kevin parece que age propositadamente para estragar a vida da mãe, enquanto faz de tudo para agradar ao pai. A felicidade que existia em Eva antes do nascimento do menino continua a se extinguir e, aos poucos, uma profunda depressão vai se instalando na mulher.


Kevin cresce e torna-se um adolescente frio, averso a todo tipo de sentimento bom e real, sem virtudes e extremamente maquiavélico. Silenciosamente, ele cria um verdadeiro pé-de-guerra com sua mãe e sua mente começa a tornar-se mais escura e cruel, à medida que seu sentimento de ódio por sua família vai crescendo. Nem o nascimento de Celia, sua irmã, é capaz de amenizar a maldade no coração do rapaz. Deste modo, Kevin acaba se tornando uma bomba-relógio, principalmente quando a maldade em seu coração se estende para fora dos limites de sua residência, culminando em um ato assassino, horroroso e extremamente trágico que destruirá de vez a vida de sua mãe, Eva Katchadourian.
Precisamos Falar Sobre o Kevin funciona basicamente do mesmo modo apresentado no livro de Lionel Shriver. À partir do ponto de vista de Eva, traçando o modo como ela encara toda a tragédia e como repercutiu a existência de Kevin em sua vida, o contexto é criado. No filme, já conhecemos Eva sendo rejeitada pela sociedade, uma mulher que busca se esconder e fugir de todos e que sofre apedrejada por conta de um segredo fatal escondido em sua vida. A mulher ainda vive as consequências dos atos de seu filho e, culpada por tudo, é considerada uma ameaça para todos que vivem ao seu redor.

Basicamente, o filme conta duas histórias, delimitadas à partir da tragédia que Kevin cometeu contra a sociedade e contra sua família: Eva antes da tragédia e Eva depois da tragédia. As duas partes consomem praticamente todo o filme de forma fragmentada, sem uma linearidade e com várias alternâncias entre os eventos. Na primeira parte citada, conhecemos a vida da mãe em família e nas frustradas tentativas de amar e de educar seu filho, causando a profunda depressão e a quebra dos laços familiares. Na segunda, encontramos Eva visivelmente abatida e estilhaçada, evitando a sociedade e as pessoas que eram mais próximas, e buscando alternativas para superar os fatos e poder seguir em frente.
O filme, apesar de ser pouco profundo, traça detalhes de cunho sociológico e é caracterizado como um terror psicológico. Contém cenas bastante chocantes e fortes, principalmente no que diz respeito às atitudes a à personalidade do jovem Kevin, tanto quando criança como quando adolescente.
O desenvolvimento do rapaz segue uma linha excelente e forte, ao mesmo tempo que o desenvolvimento de sua mãe consegue alcançar com perfeição. Fatos como a convivência em família, as dificuldades em uma gravidez tardia ou, até mesmo, a acomodação, são bem transmitidos pela história.
Precisamos Falar Sobre o Kevin é um filme bem tenso, apesar de previsível. Mesmo assim, o foco principal acaba não sendo a história ou o que causou todo esse transtorno na mãe, mas sim os distúrbios psicológicos, a dificuldade em conviver com a sociedade e o modo como devemos encarar os fatos inesperados.
A atuação dos protagonistas, Tilda Swinton e Ezra Miller dispensam comentários e nem sequer parece que o jovem ator foi aquele de As Vantagens de Ser Invisível. Um filme que vale muito à pena ser analisado mediante olhos clínicos e, por ser bastante inteligente, acredito que possa agregar muito aos estudiosos e analistas da área, principalmente, da psicologia e pedagogia familiar.




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