[MINHA RESENHA] Todo Dia - David Levithan

Todo Dia
Levithan, David
Editora Galera Record, 2013



Todo Dia é uma obra infanto-juvenil do gênero romance, no melhor estilo "história de amor jovem", seguindo tendências da literatura adolescente atual, com diálogos românticos (para outros, melosos) e as constantes tentativas feitas, pelo personagem principal, para que seu amor seja conquistado. Lançado em 2013 no Brasil pela Editora Galera Record e escrito por David Levithan. 
A ideia apresentada por David é muito boa e criativa, até mesmo inovadora. O conceito do movimento e da busca por algo concreto é um ingrediente a mais a ser adicionado nessa salada de romance que o universo literário vive nos dias atuais. Todo Dia, apesar de clichê e apelativo dramaticamente em muitos momentos, é um livro simples e bastante linear. Sua objetividade agrada durante todo o enredo e, com isso, nada passa despercebido. Acredito que este livro será capaz de mexer com o coração de muitos que conseguirem perceber sua profundidade.
Neste romance, o personagem principal, conhecido somente como "A", deve conviver com algo bastante peculiar em sua vida: todo dia, ele acorda, involuntariamente, no corpo de uma pessoa diferente. Ele amanhece no corpo de um qualquer em um lugar aleatório, tem acesso à todas as lembranças do hóspede e deve passar um dia inteiro no corpo do mesmo, tendo que se adaptar a situação em que se encaixa na momento, como um hospedeiro. Deste modo, "A" decide não interferir negativamente na rotina das pessoas e busca, a todo custo e diante de todos os imprevistos, manter 24 horas absolutamente normais para, assim, abandonar este corpo sem que ninguém desconfie de sua presença.
A criatura tem 16 anos, de acordo com sua contagem e, consequentemente, só habita corpos de jovens de sua mesma idade. Além de adquirir todas as lembranças anteriores ao momento que se hospeda, adquire as habilidades, os hábitos, as características físicas (como a voz) e se adequa à personalidade do jovem.
"A" poucas vezes se permitiu se engajar e se entregar a algum relacionamento pois, ao fim do dia, ele já não será mais o mesmo. Até que o destino lhe prega uma peça e ele encontra a razão da sua existência, Rhiannon, ao se hospedar no corpo de seu namorado, Justin. "A" busca, a todo custo, manter contato com Rihannon e mostrar a ela que seu namorado é um ignorante, mesmo com a diária troca de corpo, as diferentes aparências que ele tem de adquirir e a distância que tem de enfrentar a cada troca, para que possam se encontrar e manter o relacionamento. A garota mexe com os ideais de "A", alterando suas prioridades e fazendo com que os dois reflitam sobre até onde podem ser capazes de lutar por amor.
Neste contexto, várias situações são confrontadas com os diferentes hóspedes nos quais o personagem principal se transforma. Conflitos familiares, uso de drogas, depressão, opção sexual... Todo este contexto é criado para que o psicológico de "A" seja afetado e para que questionamentos sejam feitos por ele. "Será que, algum dia, isso vai acabar? Será que, algum dia, eu poderei ter uma vida normal? Será que Rihannon e a sociedade poderão me aceitar?"
Sim, o livro tem uma ideia boa e agradável, além de uma temática jovem e acessível, mas peca bastante na dramaticidade do personagem principal, o que chega a ser muito chato e apelativo. Mas acredito que isso seja justificado pela sua experiência de vida e pela seu conformismo de que, no outro dia, ele será uma pessoa diferente e que talvez isso nunca mude, que ele nunca seja alguém como todos os outros, e que ele nunca seja capaz de viver uma verdadeira história de amor.