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CONTO
conto escrito por Débora da Silva Consiglio, 33 anos, professora de inglês, Jacareí
DA
SAUDADE E DA PERDA
Ah, as sextas após as aulas... Alessandra não sentia mais as pernas, os braços, o corpo, tamanho era o cansaço ( primeira semana no trabalho novo como estagiária em uma empresa de automação ultramoderna e igualmente exigente) mas Antônio a convenceu:
- Vamos, só uma cerveja. A gente nem vai se ver amanhã. Vou sair com a Amanda, lembra?
- Uma só; depois vou embora, e você também.
Ele não tinha assistido nenhuma aula durante a semana por causa do trabalho: reuniões fora da cidade, contratos atrasados, mas não mais que os relatórios das piores matérias que Alessandra se dispunha a terminar por ele.
Uma cerveja prometida, carona dada. Ao deixá-lo na porta de casa ela deu uma de irmã mais velha:
- Antônio, segunda vê se aparece na aula, precisamos de você.
- Vocês sempre precisam.
Ah, as sextas após as aulas... Alessandra não sentia mais as pernas, os braços, o corpo, tamanho era o cansaço ( primeira semana no trabalho novo como estagiária em uma empresa de automação ultramoderna e igualmente exigente) mas Antônio a convenceu:
- Vamos, só uma cerveja. A gente nem vai se ver amanhã. Vou sair com a Amanda, lembra?
- Uma só; depois vou embora, e você também.
Ele não tinha assistido nenhuma aula durante a semana por causa do trabalho: reuniões fora da cidade, contratos atrasados, mas não mais que os relatórios das piores matérias que Alessandra se dispunha a terminar por ele.
Uma cerveja prometida, carona dada. Ao deixá-lo na porta de casa ela deu uma de irmã mais velha:
- Antônio, segunda vê se aparece na aula, precisamos de você.
- Vocês sempre precisam.
Ele não imaginava o quanto.
*
Alessandra sentia-se perdida em pontos de interrogação que pareciam se embaralhar em seu cérebro:
- Ele sumiu como? Ninguém some assim.
Antônio era um de seus melhores amigos e companheiro de faculdade, parte do trio inseparável que formava com Maria Júlia e Mateus. Passavam aulas e fins de semana juntos, mas no anterior eles haviam tido planos diferentes e na segunda feira Antônio não havia dado notícia. Nem para contar de seu encontro com a linda Amanda no sábado, ou para seu chefe.
- Depois do escritório tentei ligar no celular e nada – Maria Júlia estava pálida, as mãos tremendo, torcendo para que sua preocupação estivesse sendo exagerada.
Mateus se agarrou à qualquer resquício de otimismo:
- Imagina, ele vai aparecer , você sabe. O fim de semana deve ter sido bom
Brigando com o mau pressentimento, Alessandra voltou-se para o exercício de Física. Sem sucesso.
Antônio não apareceu. O mais perfeito dos fins de semana não justificaria a terça sem notícias, a quarta desesperadora. Ninguém tinha o contato de seus familiares. Não foi preciso.
Na quinta feira Marcos, o sisudo coordenador do curso apareceu na sala de aula:
- Tenho uma notícia triste para dar a vocês.
Nem todo o pessimismo do mundo os teria preparado para o terrível fato de que Antônio estava morto. Havia sido um assalto segundo a polícia, malsucedido (Existem assaltos de outro tipo?).
"Os criminosos estavam presos?" "Onde o corpo foi encontrado?" . De repente as perguntas que os atormentavam passaram a ser formadas por palavras cor de sangue. E definiram todos os seus dias nos quatro anos seguintes.
Quando olhavam para sua cadeira vazia gostariam de sentir algo banal, corriqueiro. Mas naqueles anos a ausência de Antônio só se fez doer como um corte que demora a cicatrizar. As piadas, as ajudas com as benditas aulas de estatística passaram a ser sinônimo de saudade. Foram embora com ele, e não voltariam nunca mais.
Resistiam ao impulso de imaginá-lo passando pela porta, ao desânimo que deu o tom daqueles primeiros meses, do primeiro ano. Mas ainda havia algo em seus corações, em suas mentes. Algo que os modificou, dando à vida que tinham um forma dura e irreconhecível.
Formaram-se. Ao receberem seus diplomas, a sensação de orgulho e dever cumprido só não foi maior do que o sentimento que os acompanhava desde aquela quinta feira terrível : De que sua confiança no próximo, sua segurança e seus dias felizes lhes haviam sido tirados da maneira mais brutal. Quando perderam Antônio, eles perderam a si mesmos.
POESIA
poesia escrita por Rodrigo Paredes, 16 anos, estudante, músico e escritor nas horas vagas, Seia/Portugal. Poesia retirada de seu blog pessoal https://insoniasblog.wordpress.com/ (visite também sua página no Facebook Insónias)
SUGA-ME A VONTADE DE VIVER
Dou-me por vencido, sonho incrédulo,
Que por dentro me faz explodir,
Nascendo uma esperança tenebrosa,
Onde a vontade de viver pode surgir.
Revitaliza-me a dor que não sinto,
A dor que possui todo o destino intenso,
Que por peripécias se dá por escondida,
Congela-me a mente: não fujo, não penso.
Suga-me esta imensa vontade de viver!
Suga-me toda a alma, suga-me a alegria,
Aquela que sempre me tentaste dar,
Mas que eu nunca te retribuía.
Ouço, confiante, o que ia acontecer,
Num último suspiro, último estremecer,
Passei a vida alegre, sem querer viver
A deixar as magoas do coração crescer.
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Gostou? Não deixe de comentar e divulgar o trabalho deles! Com certeza eles merecem reconhecimento, pois tem um grande talento com as palavras! Continuem mandando, que todo domingo seus textos aparecerão no blog!
Andre, seu blog tá super de parabéns e recomendado na minha página. Obrigada pela oportunidade de publicar meu conto. Abraços
ResponderExcluirMuito obrigado pelo elogio e pela participação! É ótimo poder ajudar em suas realizações e este blog estará sempre de portas abertas! :)
ExcluirAndré precisa ser muito grande o conto e a poesia???
ResponderExcluirNão precisa. Em média, um conto curto tem, no mínimo, 15 linhas, e a poesia, 4 estrofes.
ExcluirTa bom então vo ver aq kkkk
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