Forman, Gayle
Editora Novo Conceito, 2014
Se Eu Ficar é um romance dramático escrito pela norte-americana Gayle Forman, lançado em 2009 pela editora Rocco e relançado, em 2014, pela Nova Objetiva, já voltado para o filme que estreia nos cinemas em Setembro/2014, tanto por conta de sua capa, quanto por conta de seus extras, destacando uma entrevista com Chloe Moretz, que interpretará Mia Hall no filme homônimo. Seguindo as tendências da literatura contemporânea, Gayle Forman escreveu algo jovem, mais voltado para as pessoas sensíveis e com elementos do cotidiano adolescente, como os relacionamentos familiares, amorosos e de amizade, além de suas dificuldades na manutenção. Com uma linguagem bastante simples e direta, Forman acabou por atingir seu objetivo, trazendo um livro, se não tão envolvente, mas extremamente emocionante e agradável, com uma profundidade primorosa, e com uma capacidade para atingir diversos níveis sociais, além de transparecer situações reais e comuns a vários dos leitores. Se Eu Ficar vai além de uma história de amor, desenvolvendo-se em uma história bastante humana e moral, que bate diretamente nos conceitos filosóficos e na mentalidade de muitos que convivem diariamente com pessoas importantes e essenciais em suas vidas.
Mia Hall é uma garota de 17 anos (clichê??), com uma vida social bem intensa e uma família extremamente presente e afetuosa, sem grandes problemas na vida e com um dia-a-dia muito simples. Estudante, via na música o seu maior sonho, o de se tornar uma grande artista, e acabou se tornando uma garota diferenciada, pois não seguiu o mesmo caminho que sua família seguia por gerações, o caminho do rock e da música pop, preferindo a música clássica e desenvolvendo suas habilidades com o violoncelo.
Através da música, Mia conheceu seu namorado, Adam Wilde, cantor de uma banda de rock em ascensão e, com ele, vive um forte e puro amor, que será essencial e de extrema importância para a vida da garota, já que sua vida será assolada por uma tragédia que mudará Mia e seus conceitos para sempre.
Foi durante um passeio de família, em uma situação totalmente inocente, que Mia presenciou um trágico acidente que levaria seus familiares ao falecimento e que a colocaria num coma profundo. Por sorte da garota, se podemos dizer assim mesmo, sua vida não foi totalmente levada, já que viu seu corpo sendo levado ao hospital e sua alma acabou ficando presa na Terra, num estado de transição entre a vida e a morte.
Nessa situação, o espírito de Mia acaba acompanhando seu corpo ao hospital e, já na sala de repouso, recebe a visita de seus familiares e parentes e amigos mais próximos. Com isso e sem a possibilidade de responder ou de tocar qualquer pessoa, Mia ouve, de cada um, os lamentos, arrependimentos e histórias que têm pra contar, fazendo a garota perceber o quanto sua falta está sendo sentida por todos.
Assim, Mia começa a se questionar sobre sua vida e suas escolhas e descobre que a permanência na Terra ou a ida para o outro mundo só depende de si mesmo. Será que ela aguentaria continuar vivendo, sabendo que nunca mais poderá ter qualquer tipo de contato com seus pais e com seu irmãozinho? Ou será que ela deveria aceitar de vez a morte e ir para o outro mundo, deixando todas as pessoas que ama na Terra e indo passar a eternidade ao lado dos pais? Se Mia vai ficar ou se Mia vai, só ela mesma pode decidir.
Durante a história, que basicamente ocorre num período de poucas horas, Mia se lembra de seu passado e constantes flashbacks ocupam seus pensamentos. Lembra de como foi a infância e tudo que seus pais fizeram pelo bem dela, lembra de seu irmão mais novo e o quanto ele iria fazer falta, lembra de seu namorado e de seus romances, de seus amigos e de todas suas aventuras...
Todo esse cenário de recordações é construído e vai ser decisivo para a resposta final de Mia. E esses momentos respondem por praticamente toda a emoção que existe no livro, já que a história em si não é tão forte e nem tão envolvente. Posso destacar as memórias de seus avós, que trazem lições muito bonitas e construtivas, principalmente na construção do caráter de Mia. Seu amor por Adam também merece um pouco de reconhecimento, já que é um amor puro e inocente, mas capaz de enfrentar todas as dificuldades, inclusive as diferenças entre os dois.
Se Eu Ficar é um livro maravilhoso, com um final que me deixou de boca aberta, tanto por conta do ritmo que existe nas últimas páginas, quanto pelo final em si, que me pegou de surpresa. É uma obra muito agradável e excelente alternativa para romances jovens da atualidade, talvez até melhor do que muitos considerados mais populares.
Cheio de lições, principalmente no que diz respeito à família e no modo como os pais podem mudar pelo bem de seus filhos e até onde eles podem ir para lhes dar felicidade e amor, é um ótimo título disponível atualmente no mercado e o classifico como recomendadíssimo. E olha que não curto muito esse gênero literário.
Ao meu ver, Se Eu Ficar não tinha necessidade de uma continuação, pois tem um final bem direto e aberto, que continuaria na mente do leitor. Sem contar que é um ótimo termino para um livro, então sempre tenho medo de que suas continuações possam estragar o encanto dos livros de origem. Mas vamos ver como estará o segundo.
O livro de Gayle Forman funciona basicamente como um roteiro de cinema, o que já nos traz boas perspectivas para o filme que irá estrear nesta sexta-feira, nos cinemas nacionais. Se Eu Ficar será dirigido por R.J.Cutler e trará em seu cast a queridinha de Kick-Ass e Carrie - A Estranha, Chloe Moretz. Veja o trailer abaixo.